30 outubro 2023

Calma, Cocada!

 

Havia um tempo em que as reações às movimentações políticas do PT eram sutis, maduras, comedidas, porque não dizer, mais inteligentes. Atualmente uma espécie de amadorismo somado a um tipo de oportunismo afobado tem deixado a malta a beira de um ataque de nervos. Calma, Cocada. Take it easy.

Desde o inicio do ano da graça de 2023, há um esforço de amplos setores do status quo, reverberados por “criativas” vozes de parte da mídia nativa, para que o governo de Fábio Mitidieri não tenha nenhuma oposição. O PT, que havia disputado a eleição com candidato e programa diverso, respaldado por quase metade do eleitorado sergipano e que por isso mesmo não lhe caberia outro papel senão o de opositor era, dia sim, dia também, retratado por colunas políticas, sites jornalísticos (?) e alguns programas de rádio, como uma prima donna de uma ópera, cujo libreto traz uma narrativa na qual a protagonista é seduzida por um tenor de voz curta e oferecida ao rei fanho. Seria uma ópera bufa com certeza, não fosse antes, trágica.       

Outro dia, a executiva estadual do Partido dos Trabalhadores se reuniu e aprovou por consenso - sim, isso mesmo que você leu – uma resolução na qual oficializava e justificava seu papel de opositor ao atual governo de Sergipe. Como essa decisão petista feria de morte a narrativa oficial, alguns programas de rádio e sites do baixo clero trataram imediata e imprudentemente de desqualificá-la, alegando, pasmem, que a resolução não era verdadeira pois uma determinada fonte não sabia nada a respeito. Aqui lembro uma grande colunista social sergipana e peço meus sais.

Os dias passaram, e depois de vários atos da cansativa e modorrenta ópera, eis que o PT resolve promover um uma plenária para ouvir sua militância. Pra quê. Fogo no parquinho. Ejaculação precoce nos adolescentes sites caça-níqueis. Notas, choros e ranger de dentes na malta governista. Bastou algumas postagens sobre o encontro de petistas nas mídias sociais, para apressados prestadores, sem consultar nenhuma fonte, sem saber o que acontecera na plenária petista, apresentarem descuidadas análises e ditando regras.  Ain, a instância municipal não pode isso, não pode aquilo, dizem os Einstein do universo panfletário.

Há um dito popular que se conselho fosse bom, não se dava, se vendia. Eu concordo com o ditado, mas mesmo assim, ouso quebrar a regra e oferecer um gratuitamente: parem. Tá feio. Vocês estão passando vergonha. Estão servindo de chacota. Observem seus colegas mais prudentes, mais sabidos, mais experientes. Aqueles que impõem limites. Saiam da bolha. Se vocês ouvissem a plenária do PT, além de terem produzido conteúdos mais qualificados, entenderiam melhor a contramão em que trafegam. Ouçam mais a voz das ruas. Por último, talvez o mais importante conselho. Acalmem-se. Tomem chá, Rivotril, ou seja lá o que for, mas acalmem-se porque vai ficar pior e vocês vão acabar – como diz aquele amigo radialista - tendo um custupio.    

19 setembro 2023

Gestos valem mais que palavras

 

Vejam como o governo de Sergipe vai construindo narrativas para justificar suas reais intenções e como elas induzem a opinião pública ao erro.

Li hoje na coluna Plenário, do conceituado jornalista Diógenes Brayner, onde, depois de ouvir o governador sobre a Fundação de Saúde, o jornalista é induzido a concluir que: “Ainda não há uma solução que resolva o problema, lembrando que o Ministério Público determinou a extinção da Fundação há dez anos.”

Primeira observação: o Ministério Público não determina. O MP ajuíza a ação. Quem determina é o Poder Judiciário depois que decide, e este não determinou em nenhum momento a extinção das Fundações.

Segunda observação: a narrativa governamental aposta mais uma vez na desinformação, pois não revela a verdade completa. Vamos a ela, então.

No caso em tela o MP, há anos, ajuizou uma ação civil pública, pedindo a extinção da Fundações de Saúde, questionando as leis que as criaram. Tempos depois, na mesma linha, o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (CFOAB), entrou com uma ADIN (Ação Direta de Inconstitucionalidade) no STF, alegando a inconstitucionalidade da lei que criou as Fundações de Saúde em Sergipe. Essa ADIN foi julgada recentemente e o Supremo decidiu por UNANIMIDADE, como IMPROCEDENTE. Ou seja, as Fundações de Saúde de Sergipe são legais e legítimas.

Mais: anos depois de criadas as Fundações de Saúde em Sergipe, sob governo Marcelo Déda, e pelas mãos do então secretário de saúde, Rogério Carvalho, o modelo serviu de referência para o governo federal criar a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), por meio da Lei nº 12.550, de 15 de dezembro de 2011, como uma empresa pública de direito privado (tal qual as nossas Fundações de Saúde), vinculada ao Ministério da Educação (MEC), com a finalidade de prestar serviços gratuitos de assistência médico-hospitalar, ambulatorial e de apoio diagnóstico e terapêutico à comunidade, assim como prestar às instituições públicas federais de ensino ou instituições congêneres serviços de apoio ao ensino, à pesquisa e à extensão, ao ensino-aprendizagem e à formação de pessoas no campo da saúde pública. 

Trata-se da maior rede de hospitais públicos do Brasil. Suas atividades unem dois dos maiores desafios do país, educação e saúde, melhorando a qualidade de vida de milhões de brasileiros, por meio da atuação de uma rede que inclui o órgão central da empresa e 40 Hospitais Universitários Federais (HUFs), que exercem a função de centros de referência de média e alta complexidade para o Sistema Único de Saúde (SUS) e um papel de destaque para a sociedade. 

Portanto, diante das narrativas falaciosas e cheias de segundas intenções, é bom a sociedade sergipana, especialmente servidores das Fundações, e usuários do SUS, estarem atentos, fortes e preparados para uma resposta ao governador na linha de uma das blagues do grande e saudoso comunicador Hilton Lopes: “Nem vem de lagartixa, pois estamos de azulejo”.

15 setembro 2023

Show dos Horrores

 

As atrações dos circos não foram sempre animais treinados, malabaristas e palhaços. No fim do século 19 e início do século 20, anomalias humanas foram destaques nos shows, que ficaram conhecidos como Show dos Horrores (Freak Shows). Esses shows eram muito populares nos EUA, e tinham no elenco, anões, albinos e qualquer tipo de pessoa que fosse deformada por doenças.

O fim desses shows, nos meados do século passado, se deu com o avanço da medicina e também com as mudanças na cultura popular e do entretenimento. As anomalias foram explicadas como doenças ou mutações genéticas e, então, a sociedade começou a ver essas pessoas como iguais, e não bichos. Além disso, foi proibida a exibição dessas pessoas em show.

Pelo que vimos ontem, durante o julgamento das primeiras ações penais sobre os atos antidemocráticos de 08 de janeiro, os advogados bolsonaristas, na defesa (?) dos réus, buchas de canhão do pretendido golpe, reeditaram uma hilariante sessão do velho e ultrapassado Show dos Horrores.

Um desses protagonistas, o causídico denominado Dr. Hery Kattwinkel, em sua delirante oratória, discorreu sobre a obra literária “O Pequeno Principe”, segundo o nobre jurisconfuso, de autoria do pai da ciência política, Maquiavel. Claro, o velho Nicolau, antes de fazer sucesso com O Principe, deve ter escrito um livro falando do primogênito do rei quando ainda garoto de calças curtas. Ao final de sua apresentação, pensando estar diante de uma plateia em delírio e pedindo bis, o Dr. Jekyll - perdão, esse personagem é de outro filme -, digo, Dr. Hery, ainda soltou um “... lavando as mãos assim como Afonso Pilatos”. Danou-se.

Cá com os meus botões, eu já vivia encafifado com o fato de o judiciário ter em seus quadros alguém tão inculto como o conje da dona Rosangela, mas depois do que vi e ouvi ontem, fico com a impressão de que o que seria uma exceção pode ser uma regra. Alô MEC, vamos prestar atenção na qualidade da formação dos novos estudantes? Dá para fiscalizar essas faculdades que estão formando esses advogados? Alô OAB? Dá para explicar como o Dotô Hery foi habilitado? Como diz aquele amigo jornalista, crendeuspai.

13 setembro 2023

Hoje é o Dia da Cachaça

 

Comemoramos hoje o dia dela: a pinga, a marvada, a danada. Assim que ela é carinhosamente chamada pelos seus devotados fãs.  A cachaça é uma bebida destilada originalmente brasileira e foi inventada lá pelos meados do século XVI por negros escravizados nas fazendas de cana e nos engenhos de açúcar, e durante muito tempo foi considerada uma bebida de baixo status, consumida apenas por escravos e pela população pobre. Os metidos a besta torciam o nariz para a branquinha, pois preferiam acompanhar o gosto dos bestas donos de engenho no gosto pelas bebidas da Côrte.  

Por falar em Côrte, no século XVII, Portugal proibiu a produção e a venda da birita. A razão era a redução do consumo da Bagaceira, um aguardente de restos de uva que, perto da nossa manguaça, não passa de um bagaço de laranja chupado.

Pois bem, essa medida da Côrte Portuguesa causou a insurreição dos Pés de Cana brasileiros que no dia 13 de setembro de 1661, tomaram o poder no Rio de Janeiro por cinco meses, num movimento que entrou para a história como a Revolta da Cachaça. Além de ser o primeiro movimento de enfrentamento aos colonizadores portugueses, segundo o conceituado historiador João de Caçulo, do Instituto Alambique de Ouro, a Revolta dos biriteiros brasileiros, inspirou a burguesia francesa, coisa de um século depois, a fazer uma revoluçãozinha por lá. Não duvido que tenha sido motivada pela proibição do Bordeaux.  

Para por fim a Revolta, a rainha Luísa de Gusmão, famosa por frequentar o Thales Ferraz antes da ventania, onde, acompanhada dos Inchadinhos do Xaxado, não dispensava uma talagada de Angico, liberou a produção e a comercialização da bebida no Brasil.

Aqui, a produção de cachaça é regulamentada por lei. O decreto publicado em 2003 determina que a bebida seja produzida com graduação alcoólica de 38 a 48% em volume, obtida pela destilação do mosto fermentado de cana-de-açúcar. A bebida é, inclusive, o primeiro destilado das Américas — vindo antes da tequila, do rum e do Bourbon. Chique, não?

05 julho 2023

Jornalismo de sapatênis

 

Por Caio Ribeiro Santos*

Eu cresci assistindo senhores ranzinzas, com seus cabelos grisalhos e vozes moldadas pelo cigarro, discutindo futebol na televisão. Criança, eu não entendia muito bem o motivo deles serem tão contundentes, sorrirem tão pouco e não se perderem na festa do esporte. Hoje, percebo que eu não sabia nada sobre jornalismo, poder e futebol.

O futebol, muitas vezes, é a única felicidade dos infelizes que saem de casa para as arquibancadas “buscar a vitória que, lá fora, a vida lhe negou a vida inteira”, como dizia Armando Nogueira. As relações de poder são cruéis. Na luta de classes, manda quem pode, obedece quem tem juízo e bate de frente quem tem coragem. É a ferro e fogo que se cria a casca que eu via nos comentaristas da minha infância.

Mesmo com as caras fechadas em embates ferrenhos, a fala deles me lembrava a expressão do futebol: eles comunicavam numa lúdica representação do que era o esporte. Não tentavam agradar ninguém. Talvez por isso, por essa verdade e autenticidade que eles carregavam, me agradassem tanto.

Esse tempo passou. Em 04 de julho de 2023 - dia da Independência dos EUA -, a ESPN brasileira transmitiu um campeonato de “comer cachorro-quente” entre seus jornalistas. Uma mistura de complexo de vira-lata com um processo de Leifertização do jornalismo esportivo brasileiro.

Por falar em manda quem pode, essa “descontração” descontrolada - a Leifertização - que vemos hoje nos programas esportivos foi uma barreira rompida por Tiago Leifert. Tiago não é o dono, mas é filho dele. Seu pai, Gilberto Leifert, foi durante muito tempo um dos chefões da área de relações comerciais da Globo. Daí essa aproximação do futebol com o apelo à audiência, à publicidade, ao marketing e demais termos importados.

E a chuteira preta, em um passe de mágica, virou um sapatênis cor de burro-quando-foge. O futebol mudou. O jornalismo esportivo seguiu a onda. Estão, cada vez mais, amarrados a essas relações de poder. Talvez, espiritualmente, a minha jovem alma esteja se transformando em um senhor ranzinza, de cabelos grisalhos e voz moldada pelo cigarro. Só espero não ter que vendê-la por um hot dog, um par de sapatênis e um job qualquer.

 

*Caio Ribeiro Santos é estudante de jornalismo e filho do orgulhoso titular desse blog.

29 junho 2023

Depois de você, o dilúvio

 

Ontem, finalmente, tivemos um momento de forró a altura das tradições nordestina dos festejos juninos. Durante aproximadamente duas horas, o sanfoneiro Flávio José brindou o público do Arraiá do Povo com o seu bom e conhecido repertório e ainda nos brindou com clássicos do Rei Luiz Gonzaga e do não menos majestoso Trio Nordestino.

Antes do show, enquanto o roadie preparava o palco para Flávio e sua banda, o locutor destilava adjetivos politicamente incorretos ao anunciar que “o velhinho” – se referindo a Flávio José - já estava pronto para entrar em cena. Ou ainda quando se referia ao público presente chamando-o de veteranos. Atitude desnecessária e reveladora de despreparo de quem representava ali algo além de si mesmo. Afinal, era a voz do estado que organizava a bonita festa.

Sim, a plateia, apesar de muitos jovens presentes, era majoritariamente composta por uma geração mais madura e que viveu outros tempos de um São João raiz, genuíno, das fogueiras, do milho, da canjica, do quentão e do forró onde os casais dançavam agarradinhos. E foi isso que vimos ontem. Jovens e “veteranos”, como em outros tempos, dançavam, cantavam e sorriam como se vivessem um momento de encantamento. O único “arrocha” que havia era quando o passo do xote exigia uma maior aproximação dos corpos dos pares dançantes. Piseiro? Só quando ao dançar o xaxado se fazia necessário o pisar forte e variado no paralelepípedo batido da praça.

Sim, amigos, depois de ver na programação dos nossos festejos mais tradicionais, tantos atentados a nossa cultura, e de quase perder a esperança, vi ontem um milagre de São Pedro. Como dizia o sábio e eloquente povo da Lagoa do Meio, tivemos finalmente um “forró de mermo”. Um forró daqueles que o nosso Rogério eternizou nos versos do clássico Sergipe é o País do Forró:

Chega, pega a nêga e dança, entra no xodó.

É a noite inteira essa brincadeira é chamego só.

Comigo ontem, além da minha “morena”, parceira de salões desde que os primeiros acordes da sanfona de Flávio José ganharam o mundo, estava meu filho, um garoto, rapaz feito, roqueiro raiz, que me surpreendeu ao insistir em ir conosco ver o show na praça. É dele a frase que resume todo o sentimento que me assume no São João dessa quadra: “Flávio José é a abertura e o encerramento oficial do forró. O resto é farra”.

Por isso, quando Flávio José, já caminhando para o fim do show, perguntou em voz alta à produção quem viria depois dele para se apresentar, houve um breve silêncio na plateia, surpresa com a pergunta pois também não sabia. Eu, naquele átimo de tempo, lembrei da célebre frase de Luís XV, rei de França, e gritei alto:

- Depois de você, o dilúvio.  

20 junho 2023

Apagaram o candeeiro e derramaram o gás

 

O problema maior de ser jovem há mais tempo, não é só a limitação física, mas o anacronismo da alma. A memória do que se viveu de bom no passado vai se impondo como um padrão. Uma espécie de controle de qualidade. É aí que as novidades parecem estranhas. Por exemplo: quem se criou comendo cuscuz de milho ralado, ainda que continue gostando da iguaria, não se satisfaz plenamente quando a guloseima é feita com essas farofas sem gosto vendidas em supermercados, onde o sabor do cereal não passa nem perto.

Já que estamos falando em milho, lembro que estamos no mês de São João. Aí é que a danada da memória resolve me torturar. Para um nordestino, não pode haver nada melhor que tempo de São João. Natal, Ano Novo, Carnaval, são festas muito boas, mas as juninas são como diz aquele famoso jogador do Flamengo: ôto patamá. Se esse nordestino é da Capela então, aí nem se fala.

O São Pedro da Capela, já foi reconhecido pela ONU, FIFA, OTAN e até pelo Vaticano, como o Melhor do Mundo. Aliás, dizem lá na Rainha dos Tabuleiros, que o astronauta russo, Yuri Gagarin, o primeiro homem a conquistar o espaço, enquanto orbitava o nosso planeta declarou através do rádio, três frases sobre o que via lá do alto que ficaram para a história:

- Vejo a terra. Ela é azul. Também vejo o Mastro de São Pedro da Capela.

Sou do tempo que a festa era rica em manifestações culturais. Trago na memória a banda de Pife de Vadi de Juza à frente de um grupo de homens e mulheres bebendo e cantando alegremente desde a Sarandaia, no cortejo da Baiana, e na busca ao Mastro. No ano passado, depois de um longo tempo sem ir à festa da Capela, vi como aquele São Pedro da minha memória estava diferente. A grande novidade “cultural” é o surgimento de uma tal Rua do Fluxo onde, paradoxalmente, nada flui a não ser os altos decibéis dos paredões e seus sons incompreensíveis.

Não pretendo voltar lá esse ano. Não que não me anime a dançar um forrozinho com a patroa. Até comprei uma camisa xadrez e um roló para o xote e o xaxado. Mas confesso que quando vejo as atrações, não fico atraído. O baião cedeu lugar para um tal de piseiro e eu que já rebolei tanto pra sobreviver já não tenho mais molejo para esses novos ritmos.

Na semana passada arrisquei ir num forró no interior. Ali vou achar um forró de verdade, pensei eu. Quando lá cheguei pensei que tinha errado o lugar do forrobodó e entrado numa festa gótica. De camisa xadrez e bota de vaqueiro, só tinha eu. As mulheres, de todas as idades, vestiam o mesmo manequim. Blusas e saias pretas, curtíssimas, bem ajustadas ao corpo e todas maquiadas em tons retintos. No palco uma banda de funk, dava a letra – ininteligível – para a massa rebolar até o chão. Cheguei a pensar que tinha morrido e estava cumprindo meu itinerário para chegar ao céu, passando primeiro pelo purgatório. Ou seria o inferno?

Ainda não fui no Arraiá do Povo, mas já me disseram que se eu quiser ver um show lá, tenho que chegar por volta das 5h da tarde, depois disso já vou encontrar o lugar fechado. Também, pelo que disseram, meu dinheiro não dá. Uma latinha de cerveja por 10 reais e um espetinho de gato por 25, não é pro meu bico. Só vai me sobrar, talvez, spray de pimenta nos óio. Aliás, soube que o governador deu uma entrevista explicando o fato de a PM ter atirado spray de pimenta na massa que assistia ao show. Segundo ele, a briosa jogou o spray no chão, mas o vento, esse traquino, tratou de espalhar o gás de pimenta na cara do povo. Lembrei de um fato acontecido na Capela quando eu era adolescente. Bado de Zé Vaqueiro matou Vadinho de Agenor com um tiro no peito. Quando foi preso e perguntado pelo delegado sobre o ocorrido, Bado disse:

- Doutor, eu atirei na camisa dele, não tenho culpa se ele estava dentro.

Calma, Cocada!

  Havia um tempo em que as reações às movimentações políticas do PT eram sutis, maduras, comedidas, porque não dizer, mais inteligentes. Atu...