Quem
assistiu ao documentário Doutor Castor, em exibição no Globoplay, deve ter
ficado boquiaberto com a ousadia do crime organizado e suas relações promiscuas
com as instituições. Só comparável com a máfia italiana ou com O Poderoso
Chefão retratado em livro por Mario Puzzo e no cinema pelo genial Francis Ford
Coppola.
Mas
você está pensando que aquilo que está na literatura e no cinema só acontece no
submundo? Como diria aquele nosso amigo baiano, “sabe nada inocente”. Vocês
precisam conhecer os diálogos revelados pela apuração da Operação Spoofing e
que mostram a bandidagem, promiscuidade e o crime organizado pelos componentes
da Orcrim Lava a Jato.
Alguns
jornalistas, aqueles mais comprometidos com a profissão, têm divulgado o “show
de horrores”, verdadeiras ações criminosas cometidas por delegados,
procuradores e juízes, autênticos Foras da Lei, que compuseram a Operação Lava
a Jato.
Um
exemplo disso foi a atuação da delegada da Polícia Federal, Erika Merena, que
inclusive passou um tempo aqui em Sergipe, num caso que se revelou numa das
mais infames operações da Lava a Jato: a invasão cinematográfica do campus da
Universidade Federal de Santa Catarina, onde prendeu e humilhou professores e
levou o reitor Luiz Carlos Cancellier ao suicídio.
Não
foi só isso. A delegada cometeu crime pior. Segundo diálogos entre os comparsas
da organização criminosa Lava a Jato, revelados pela Operação Spoofing, a
delegada Merena forjou e assinou depoimento que jamais ocorreu e tudo com a
anuência dos procuradores de Curitiba e o silêncio cúmplice de outros tantos
pelo Brasil afora que participavam do famoso grupo no Telegram.
Vejam
o que diz o sub chefe da quadrilha (o chefe era o juiz Sérgio Moro) Deltan
Dallagnol. “Como expõe a Erika: ela entendeu que era pedido nosso e lavrou
termo de depoimento como se tivesse ouvido o cara, com escrivão e tudo, quando
não ouviu nada... Dá no mínimo uma falsidade... DPFs são facilmente expostos a
problemas administrativos", afirmou o procurador. Na sequência seu colega,
Orlando Martello Júnior alerta para o risco do descrédito. Sugere como saída
convocar a testemunha para que faça um depoimento real. "Podemos conversar
com ela e ver qual estratégia ela prefere", sugere, referindo-se à
delegada.
Pensam
que foi a única vez que a turma da Lava Jato cometeu essa barbaridade? Ledo
engano. "O mesmo ocorreu com Padilha e outros", afirma Martello Jr.
"Já disse, a culpa maior é nossa. Fomos displicentes!!! Todos nós, onde me
incluo. Era uma coisa óbvia que não vimos. Confiamos nos advs e nos
colaboradores. Erramos mesmo!"....
Os
"erros" de que fala o procurador são na verdade uma sequência de
crimes. A delegada Érika Marena inventou um depoimento e o mesmo aconteceu com
outras testemunhas (por ela e ou por outros delegados).
É o
próprio Deltan quem afirma que isso é no mínimo falsidade ideológica, mas pode
ser enquadrado em vários outros artigos. Junto com Marena, todos os
procuradores que souberam desse absurdo e não denunciaram a delegada,
prevaricaram e são cumplices do crime cometido por ela.
É esse
o Brasil que temos hoje. Depois de um gigantesco esforço de gerações que
lutaram - alguns até deram a vida - para termos uma nação livre do arbítrio e
democrática, eis que surge um bando de gente paga pela sociedade para defender
a liberdade e a legalidade, preocupado com vendetas e em proteger apenas os
seus num tenebroso espirito de corpo.
Espera-se agora que aqueles que, por ingenuidade ou por mau-caratismo, confundiram justiçamento com justiça e viviam a aplaudir a Lava a Jato, acordem para realidade e parem de bater palmas para bandido dançar. Senão tratem de lavar suas mãos. Elas também estão sujas de sangue.
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