Erasmo
de Rotterdam, um humanista e teólogo que viveu durante a idade média, escreveu
o livro Elogio a Loucura em 1509 e este foi publicado em 1511. A obra é uma
sátira a sociedade dos séculos XV e XVI e Erasmo tinha por objetivo fornecer
uma nova visão eclesiástica e renovar a igreja. Seu escrito acabou tornando-se
atemporal.
No
texto, a Loucura é apresentada como uma divindade, faz seu próprio elogio e se
demonstra a deusa da humanidade. É com uma boa dose de ironia que o humanista
denuncia males reais, como a ingratidão, a hipocrisia e a intolerância.
Qualquer
semelhança daqueles tempos trevosos com esse raiar do século XXI, pode até
parecer, mas não será mera coincidência. Além da hipocrisia e da intolerância,
nos dias atuais estamos vivendo o auge da idiotia. Podemos ouvir diariamente a
voz da Deusa Loucura através das decisões oficiais do judiciário traduzidas nas
manchetes igualmente insanas dos jornais. A imagem da deusa pode ser encontrada
na fisionomia tresloucada de Damares e sua ubiquidade pode ser sentida na voz mórbida
do Messias, no pastor que esbofeteia sua esposa, no padre pedófilo que abusa de
crianças, no policial preto que mata jovens negros ou no simples cidadão que
humilha seu semelhante em nome de Deus e da família cristã.
O
humanismo que começou na Itália como um movimento literário e filosófico na
segunda metade do século 14 e que foi a base ideológica do Renascimento,
constitui-se do reconhecimento do valor do homem na sua totalidade e a
tentativa de compreendê-lo na natureza e na história. A perspectiva humanista
entende o homem como ser formado de corpo e alma, destinado a viver no mundo e
a dominá-lo. Nesse sentido, o humanismo muda a concepção do pensamento vigente
na Idade Média, deixando de lado a metafísica e dando relevância ao
conhecimento das leis, da natureza, da medicina e da ética. Isso constitui a
base da ciência moderna.
Se a Deusa Loucura provocou a Revolta dos Idiotas fazendo-nos voltar à Idade Média, claro está que urge um Renascimento II. Precisamos urgentemente voltar à razão e recuperarmos o humanismo perdido. Antes que viremos bichos.
Paradoxalmente parece que estamos à beira de uma nova Idade Média tecnológica! Urgente: recuperar o humanismo!
ResponderExcluirPerfeito, Andrei, obrigado por interagir conosco. Continue acompanhando nossas publicações.
ExcluirUm forte abraço