Numa
boquinha de noite, Frederico chama Karl e diz: man, prestenção, os cara tão
armando pra cima de nóis. Observe a origem da família, da propriedade privada
e, agora estão criando um negoço chamado Estado. Isso não me cheira bem. Tô
achando que esse tal vai legitimar a acumulação de riquezas por meio de roubos
e violência em nome dos malaco.
Karl
foi pra casa encucado com aquele papo de Fred. Jenny o esperava no portão.
Recebeu o esposo com um beijinho e duas saliências, mas Karl estava mais
interessado no cuscuz com carne frita que Jenny havia preparado. Ansioso e com
as tripas roncando, não via a hora de bater aquela massa côncava amarelada.
No dia
seguinte Karl já nem foi mais trabalhar. Se enfurnou na biblioteca e começou a
teorizar sobre aquela nova realidade. De vez em quando Jenny aparecia na porta
de baby doll, se espreguiçando toda e ele nem xite. Só falava com Frederico e
assim mesmo, pelo celular. Passou-se muito tempo até que Karl concluísse sua
teoria, seus escritos, seus estudos.
A
grosso modo, para Karl, o Estado, visto pelo viés classista e aspecto
econômico, é o instrumento político da classe dominante para manter o domínio
sobre a sociedade, ou seja, a organização política que visa a defesa dos
detentores dos meios de produção, na função de concentrar toda a riqueza
produzida em sacrifício da classe trabalhadora. Assim ele teoriza sobre a
relação entre infraestrutura e superestrutura. O conjunto das relações de
produção, a produção da vida material, a base econômica de toda a sociedade,
representa a infraestrutura. Já o conjunto formado pelas instituições
jurídicas, políticas e pela própria ideologia reinante em cada sociedade compõe
a superestrutura e através dos dois, o processo de dominação.
Nem
preciso dizer que essa teoria do Karl e Fred tacou fogo no cabaré capitalista. Imediatamente
o Véio da Havan juntou seus amigos da Fiesp, mais os Faria Limers, marcaram um
jantar à luz de velas com Bolsonaro e contrataram Max Weber, um professor de
sociologia da USP, fundador do PSDB, para contestar e desqualificar as teses do
socialismo cientifico. Weber que não é besta, contratou a famosa economista
Miriam Leitão para palestrar sobre o atualíssimo Consenso de Washington. A finada
Leda Nagle foi convocada às pressas e voltou das profundezas para fazer assessoria
de imprensa. Esta tratou de articular algumas entrevistas importantes do
sociólogo com os jornalistas Pedro Poligrafo Bial e Vera Escolha Difícil Magalhães.
Com tanta gente boa atuando juntas, não foi difícil acabar com negócio de
marxismo por essas bandas e é nesse ambiente que se dá o processo de escolha
dos governantes aqui no Brasil.
Karl e
Frederico erraram quando não previram que o Brasil é outro patamar. Aqui não
existe esse negócio de polarização. Luta de classes? Não. Isso é coisa de
baderneiros, nós somos cordiais. Fla x Flu nem existe. O GRENAL mobiliza os
gaúchos tanto quanto um Pelotas x Caxias. BA VI? É coisa que colocaram na sua
cabeça. PSD x UDN, Emilinha x Marlene, tudo ficção. Nós odiamos polarizar.
Há uma
galera aí querendo polarizar a política entre Direita x Esquerda. Não sei como
farão. O Brasil é tão avançado nessa questão ideológica que por aqui nós nunca
tivemos a Direita. O nosso espectro ideológico finda no Centrão. Observem que
Centrão é mais que Centro. Cabe mais. Cabe tudo.
O
Brasil é também um exemplo quando se trata de religião. Somos um dos maiores
países cristãos do planeta, mas Jesus Cristo é questionado diariamente:
- Ain,
Jesus, você não pode dar o peixe, tem que ensinar a pescar. Você, sei não.
- Também, Jesus deu o pão e deu uma desaparecidinha...
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