12 abril 2021

Um Golpe Continuado

Por não saber conviver com a democracia, a elite conservadora, classe dominante no Brasil, resolveu não aceitar o resultado das urnas que reelegeu Dilma Rousseff à presidência da república em 2014. A ordem da malta era apear Dilma da presidência e o PT do poder político. Para liderar essa cruzada a aristocracia nativa escolheu alguém com a sua cara: o escroque Aécio Neves. Formaram uma frente ampla - olha ela aí – com PSDB, Centrão, “grande imprensa”, com STF com tudo e golpearam a soberania do voto popular. Como não acharam nenhum ato de corrupção pela inquebrantável Rousseff, lhe acusaram de “pedaladas” no orçamento. Apenas comparem com os impunes crimes cometidos pelo presidente atual.

Naqueles tempos, esses criativos “fatos” eram contados pelas televisões como uma novela. E o brasileiro médio, ignorante, indigente e preguiçoso intelectual, viciado nos dramalhões Global, destilava sua estúpida indignação nos grupos de WhatsApp, nas páginas de Facebook e demais mídias sociais. A famigerada Lava a Jato transformava a vida dos petistas num autêntico Big Brother.

Telefones grampeados divulgavam a indignação de Dona Marisa em conversa com amigos e a plateia ignara, formada por doutores, gente de Deus que não perde uma missa ou culto religioso, cheia de ódio, pedia a morte da esposa do Lula. Chegaram ao desplante, a insolência de grampearem a presidente da República, numa conversa com um companheiro na qual ela tratava de convencê-lo a aceitar um cargo de ministro em seu governo. Crime dos crimes.

Não podia dar outra coisa. Veio o impeachment. Com ele cai a máscara de muitos que, outrora aliados, votaram contra a democracia em nome da pátria, da mãe e até da rapariga. Dentre estes, um bandido foi especialmente aplaudido ao votar em regozijo ao torturador Brilhante Ustra. Este criminoso, admirador de torturador, acabou presidente da república, com o beneplácito da mídia, o apoio dos abastados economicamente, e o voto dos abestados da ignara classe média.

O vampiro miliciano, no comando da nação, continua sedento por sangue humano. Já são mais de 350 mil brasileiros vítimas de sua voracidade assassina. E não está sozinho na sua sanha homicida. Conta com a passividade cúmplice da classe média, com a inacreditável lealdade devotada do povo cristão e a cumplicidade de uma maioria no Congresso formada por comparsas que, na maior desfaçatez, procuram protegê-lo de qualquer punição pelos crimes praticados diuturnamente.

Agora mesmo explode um áudio com uma conversa entre o Messias da Morte e o obscuro senador Jorge Kajuru, representante do Goiás. No referido áudio, vários crimes de responsabilidade e outros assaques são cometidos, em alto e bom som, diante da letargia e ouvidos moucos do distinto público.  Com a divulgação desse abjeto diálogo, revela-se a intenção espúria de outro senador, o representante de Sergipe, Alessandro Vieira. Ele mesmo. Aquele que se dizia palmatória do mundo.  Ao querer que a CPI abarque os governos estaduais e municipais, o senador Alessandro pratica diversionismo para impedir que as investigações revelem os crimes praticados por Messias Bolsonaro.

Engraçado é que o mesmo Alessandro, no início de seu mandato, reivindicou uma CPI denominada de Lava Toga e nela ele só queria investigar os tribunais superiores, excluindo as demais instâncias do judiciário. Contradição? O certo é que o distintivo de xerife do senador caiu. Não dá para enganar todo mundo o tempo todo. Até porque nem todo mundo gosta das novelas da Globo. Eu, por exemplo, prefiro os cowboys que retratam o velho oeste americano. Com eles eu aprendi muito sobre a vida. Na minha juventude assisti no velho Cine Capela, a mais de 300 filmes desses. Ali, nunca vi um xerife fazendo justiça. Ele era, via de regra, aliado do bandido. Quem fazia justiça era o mocinho e eu nunca o vi se aliar ao bandido.


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