30 novembro 2021

Predestinação Celestial

Meus amigos e até gente que nunca vi mais gorda, na falta de argumento para tornar menor o meu Glorioso Botafogo, apelam para o tamanho da nossa torcida. A mim não incomoda a tentativa de gozação por dois motivos:

1) Os meus amigos podem pisar no meu coração de tamanco que não dói. Eu os amo. Logo, entro na onda e acho graça.

2) Os outros, não dou ouvidos.

Um dia, os não botafoguenses talvez venham a entender o que é ser Botafogo.

Sim, nós não somos muitos. Porque somos relíquias e preciosidade não se encontra às pencas nas esquinas.

Não é modismo nem boa fase que nos fazem seguir a estrela solitária. Tampouco a derrota que nos abate. O que nos faz alegre a cada conquista e nos rouba lágrimas a cada derrota é a paixão pelo Botafogo.

O Botafogo é uma metáfora da vida real. O torcedor alvinegro tem um compromisso com o sacrifício. É capaz de misturar euforia com pessimismo em escassos 90 minutos. A vida real é assim.

O botafoguense é pessimista. Nunca vi um torcedor do Glorioso cantar vitória antes do jogo acabar. Dizem que Schopenhauer, o filósofo do pessimismo, das coisas que não funcionam, era botafoguense.

Botafoguense é supersticioso. Ele pode ser um ateu absoluto na sua vida cotidiana, mas o seu ateísmo morre no momento em que o Botafogo entra em campo.

Ser botafoguense não se explica. Como diz uma das músicas cantadas nos estádios por nossa torcida “esse sentimento/ninguém entende”.

Nas palavras do mestre Armando Nogueira “o Botafogo é bem mais que um clube – é uma predestinação celestial. Seu símbolo é uma entidade divina. Feliz da criatura que tem por guia e emblema uma estrela. Por isso é que o Botafogo está sempre no caminho certo. O caminho da luz. Feliz do clube que tem por escudo uma invenção de Deus”.

E ninguém cala

Esse nosso amor

E é por isso

Que eu canto assim

É por ti Fogo


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