08 fevereiro 2023

Quase Obituário

 

Desde que o torneio mundial de clubes foi reformulado pela FIFA em 2005, apenas oito times brasileiros disputaram essa competição. São eles: São Paulo, Internacional, Corinthians, Atlético Mineiro, Santos, Grêmio, Palmeiras e Flamengo. Nesse período, Flamengo e Internacional participaram duas vezes cada. Portanto, das dezoito competições realizadas o Brasil participou de somente dez delas. Dessas dez, em quatro participações, nossos times foram eliminados ainda na semifinal: Internacional (2010), Atlético Mineiro (2013), Palmeiras (2020) e Flamengo (2022)

Em seis oportunidades, chegamos às finais com São Paulo, Internacional, Santos, Corinthians, Grêmio e Flamengo. Em apenas três oportunidades o título de campeão foi comemorado. São Paulo em 2005, Internacional 2006 e Corinthians em 2012.

Esses dados mostram como o futebol brasileiro vem perdendo protagonismo no cenário mundial e ficando defasado em organização, nível técnico e estratégias do jogo.

Em 2011 o Santos de Neymar e Cia, passou um verdadeiro vexame diante do Barcelona perdendo por goleada. O Flamengo em 2019 perdeu por 1 a 0 para o Liverpool e botou as mãos para os céus agradecendo o placar diminuto com um “perdemos, mas jogamos de igual pra igual”, numa clara constatação de inferioridade.

Ontem mais uma vez, um clube brasileiro perde para um inexpressivo time da quarta divisão do futebol mundial, que chegou a dar olé no gigante(?) Mengão. Imagino a vergonha do maestro Júnior, Zico e cia, que em outros tempos não tomavam conhecimento dos times europeus, sendo campeões do mundo e dando show de futebol.

Muitos continuam achando que o que aconteceu ontem foi uma zebra. Não foi. Olhem os dados acima e vejam que esse tipo de resultado vem se tornando corriqueiro.

Quando vejo e ouço a imprensa esportiva contemporânea, cometer a heresia de comparar Gabriel Barbosa, atacante meia boca do Flamengo atual, ao genial Zico, perco a esperança de que voltaremos a ser vistos pelo mundo novamente como o país do futebol. Significa que estamos nos conformando com muito pouco.

Os nossos craques mais talentosos, Vini Jr, Rodrigo e outros dois ou três no máximo, estão saindo daqui antes mesmo de jogar nos nossos times. Temos que nos contentar com os que sobram, os que não dão certo na Europa, e os refugos rodados que não têm mais espaços por lá.

Se as campanhas vergonhosas da seleção brasileira em repetidas Copas e o olé do Al Hilal no Flamengo (o melhor time do Brasil, disparado), não forem suficientes para entendermos que paramos no tempo enquanto o resto do mundo evolui, vamos continuar nessa ladainha enfadonha de reclamar do juiz, do campo, da bola, ou “da filha da vizinha da rapariga do cabo de Capela”, como diz a letra do grande Henrique Teles, na música da sergipaníssima e ótima banda Maria Scombona, e assim, não acharemos o caminho de volta.

Concluo esse quase obituário dizendo da minha suspeita de que o pior ainda estar por vir. Quando vejo a grande maioria dos grandes clubes brasileiros, todas as principais competições nacionais e torneios regionais sendo patrocinados por casas de apostas… sei não, mas acho que isso vai dar merda.

2 comentários:

Obrigado por seu comentário!

Gestos valem mais que palavras

  Vejam como o governo de Sergipe vai construindo narrativas para justificar suas reais intenções e como elas induzem a opinião pública ao e...