Quem
não conhece um idoso ranzinza? Eles estão por aí presentes em todos os lugares.
Pode ser um avô, um tio ou até mesmo um vizinho daqueles que alguém já cuida
logo de apelidá-lo de Seo Lunga, o rabugento mais famoso aqui do Nordeste.
Aliás, ninguém sabe como era o humor de Seo Lunga quando jovem. Só se conhece
esse personagem já idoso.
Essa
mudança de humor do idoso talvez tenha a ver com o fato de não se enxergar mais
a necessidade de agradar aos outros como antigamente. A idade concede ao idoso a
autoridade para bradar um foda-se aos protocolos do cerimonial.
Minha
mãe, por exemplo, foi uma das pessoas mais sensíveis que eu conheci. Noveleira
devotada, se derretia em lágrimas com o amor entre Albertinho Limonta e Isabel
Cristina de O Direito de Nascer, ou com as aventuras e desventuras da Escrava
Isaura. Com o passar do tempo e o avanço da idade ela começou a brigar com os
vilões. Testemunhei verdadeiros e surreais diálogos dela, dedo em riste, com
Odete Roitman, vilã de Vale Tudo.
Ao
mesmo tempo que não aceitava mais, sem um severo xingamento, as maldades executadas
pelos bandidos das novelas, minha mãe era só carinho com os mocinhos. Ou
melhor, com as mocinhas. As vacas da
fazenda que antes eram anônimas, passaram a atender pelos nomes de suas atrizes
preferidas: Maitê, Glória, Suzana, etc.
Eu não
assisto novelas. Primeiro porque sou ansioso e não tenho paciência para
assistir um filme que leva meses para acabar. Segundo, porque as poucas que vi,
tinha como atração principal a minha mãe brigando com os personagens malvados e
isso, que era muito divertido, eu deixei de ter. Mas assisto todos os programas
sobre futebol e política da TV.
Outro
dia me peguei batendo boca com André Rizek e PC Vasconcelos num programa sobre
futebol do SporTV. Me bateu uma espécie de Déjà Vu. Mudei de canal e quando dei
por mim estava brigando com Míriam Leitão e Fernando Gabeira. Desliguei a
televisão e fui tomar meu remédio para a pressão.
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