Comemoramos
hoje o dia dela: a pinga, a marvada, a danada. Assim que ela é carinhosamente
chamada pelos seus devotados fãs. A
cachaça é uma bebida destilada originalmente brasileira e foi inventada lá
pelos meados do século XVI por negros escravizados nas fazendas de cana e
nos engenhos de açúcar, e durante muito tempo foi considerada uma bebida de
baixo status, consumida apenas por escravos e pela população pobre. Os metidos
a besta torciam o nariz para a branquinha, pois preferiam acompanhar o gosto
dos bestas donos de engenho no gosto pelas bebidas da Côrte.
Por
falar em Côrte, no século XVII, Portugal proibiu a produção e a venda da birita.
A razão era a redução do consumo da Bagaceira, um aguardente de restos de uva
que, perto da nossa manguaça, não passa de um bagaço de laranja chupado.
Pois
bem, essa medida da Côrte Portuguesa causou a insurreição dos Pés de Cana
brasileiros que no dia 13 de setembro de 1661, tomaram o poder no Rio de
Janeiro por cinco meses, num movimento que entrou para a história como a
Revolta da Cachaça. Além de ser o primeiro movimento de enfrentamento aos
colonizadores portugueses, segundo o conceituado historiador João de Caçulo, do
Instituto Alambique de Ouro, a Revolta dos biriteiros brasileiros, inspirou a
burguesia francesa, coisa de um século depois, a fazer uma revoluçãozinha por
lá. Não duvido que tenha sido motivada pela proibição do Bordeaux.
Para
por fim a Revolta, a rainha Luísa de Gusmão, famosa por frequentar o Thales
Ferraz antes da ventania, onde, acompanhada dos Inchadinhos do Xaxado, não
dispensava uma talagada de Angico, liberou a produção e a comercialização da
bebida no Brasil.
Aqui,
a produção de cachaça é regulamentada por lei. O decreto publicado em 2003
determina que a bebida seja produzida com graduação alcoólica de 38 a 48% em
volume, obtida pela destilação do mosto fermentado de cana-de-açúcar. A bebida
é, inclusive, o primeiro destilado das Américas — vindo antes da tequila, do
rum e do Bourbon. Chique, não?
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